Dissídios salariais acendem alerta: reajuste salarial realmente recompõe o poder de compra dos brasileiros?
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Por: DIÁRIO DA MANHÃ, Publicado em: quarta, 03 de dezembro de 2025

Com a proximidade do fim de ano, muitos trabalhadores começam a receber os dissídios salariais — reajustes que, em tese, deveriam recompor as perdas inflacionárias do período. No entanto, especialistas alertam que, apesar da sensação momentânea de ganho, grande parte da população continua perdendo poder de compra sem perceber.


Segundo Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), a explicação está na diferença entre a inflação medida e a inflação vivida. “Costumo dizer que a inflação tem duas vidas: uma que aparece nos índices oficiais e outra, bem diferente, que invade nossas casas”, afirma.


Domingos reforça que os índices nacionais não representam a realidade financeira de cada família. O aumento de salário baseado nesses indicadores cria uma falsa impressão de que houve ganho real. Na prática, muitos brasileiros seguem empobrecendo gradualmente porque o custo de vida sobe em ritmo mais acelerado do que a reposição oficial.


“Mesmo quando o salário é reajustado, quase sempre com base nesses índices, ele não recompõe a perda real”, explica. “A população inteira corre atrás de uma correção que nunca chega. Esse desencontro cria uma sensação ilusória de normalidade, enquanto empurra milhões de brasileiros para uma pobreza gradual e silenciosa.”
 

A inflação invisível que corrói o dia a dia

O impacto da inflação verdadeira — aquela percebida nas compras do supermercado, nos serviços, na renovação de contratos e nos gastos essenciais — não aparece nas tabelas do governo. Ela afeta diretamente o comportamento financeiro das famílias, que passam a reduzir consumo, trocar marcas, cancelar sonhos, abrir mão do lazer e até desenvolver ansiedade ao lidar com dinheiro.
 

Para Domingos, esse cenário revela que o problema não é apenas matemático, mas comportamental. “A economia doméstica, quando pressionada pela alta real de preços, afeta a vida, os vínculos familiares, as motivações e as decisões cotidianas. Não existe melhora econômica sem educação financeira comportamental.”
 

Cada família tem a sua própria inflação

A inflação oficial não contempla o peso diferenciado que itens essenciais representam no orçamento de cada perfil de família. Um idoso, por exemplo, sente mais a alta de medicamentos; famílias com crianças enfrentam custos crescentes com alimentação e educação; trabalhadores que dependem de deslocamento amargam a variação dos combustíveis ou do transporte público.
 

“Defender que o IPCA representa fielmente o que acontece no consumo familiar é ignorar a individualidade financeira. Não é falta de gestão do brasileiro; é falta de diagnóstico”, pontua Domingos.
 

Ferramentas para revelar a inflação real da vida das pessoas

Para combater essa distorção, Domingos defende o uso de ferramentas de controle capazes de comparar três frentes:

  • evolução dos ganhos;
  • evolução real dos gastos, item a item;
  • impacto da diferença entre renda e aumento de custos ao longo do tempo.

Com esse diagnóstico individualizado, as famílias conseguem identificar a perda real do poder de compra, entender quais categorias mais consomem a renda, ajustar comportamentos e tomar decisões conscientes — sem cortes radicais que comprometam qualidade de vida.
 

O papel da educação financeira diante dessa realidade

O presidente da ABEFIN afirma que o Brasil só avançará quando as pessoas deixarem de acreditar cegamente nos indicadores oficiais e passarem a analisar a própria vida financeira.
 

“A verdadeira independência financeira começa quando paramos de viver da ilusão dos índices e passamos a enxergar a vida como ela é”, destaca. “Precisamos oferecer instrumentos que desmascarem essa inflação oculta, que empobrece sem aviso e impede a autonomia das famílias.”
 

O alerta chega em um momento crítico: muitos brasileiros receberão reajustes nas próximas semanas acreditando que estão ganhando mais, quando, na verdade, apenas continuam tentando alcançar o custo de vida — e muitas vezes sem sucesso.
 

Para Domingos, compreender a própria inflação é o primeiro passo para transformar essa realidade. Educação financeira não é apenas sobre números: é sobre escolhas conscientes, estratégia e sobrevivência em um cenário econômico que se transforma rapidamente.


Sobre Reinaldo Domingos
Reinaldo Domingos é PhD em Educação Financeira, fundador do DFlix, o primeiro streaming de educação financeira do Brasil. É presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN) e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros, entre eles o best-seller Terapia Financeira, é referência nacional em comportamento e planejamento financeiro.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa da DSOP Educação Financeira


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